Resenha - Morga - A Maga do Vento

Morga – A maga do vento – Volume Um
Moony Witcher
Editora Best Seller
350 páginas

Ano 500. Planeta Emiós. Morga tem 12 anos, cabelos curtos – negros como o piche –, o rosto salteado com sardas roxas sobre a pele branca e olhos azuis. Ela vive em uma casa escondida na floresta com Eremia – a Bramante Branca dos poderosos Fhar, governantes absolutos de Emiós –, e Wapi, seu amado Piróssio, um ser incrível de longas penas como as de um avestruz cobrindo o corpo. Morga sabe como usar a magia, lê o céu através das nuvens e estrelas e fareja o vento para saber onde exatamente tem de seguir. Terra e pedras fazem Morga sentir vibrar as forças da natureza, ela bebe a chuva para limpar seus pensamentos e ouve o silêncio para descobrir os segredos da energia. Em Emiós, ela é o único ser “imperfeito”, pois porta em seu corpo DNA humano, substância proibida pelas leis dos Fhar. Quando um repentino vírus se alastra, pondo em risco a existência dos Fhar – que até então se julgavam imortais – é revelado o segredo sobre a identidade de seu pai. Morga, a Maga do Vento, se torna ao mesmo tempo a maior ameaça ao império dos Fhar e a única esperança do povo do Emiós, que há muito tempo já tinha se esquecido sobre amor, liberdade e a origem terrestre.

Primeiro volume da série infantil Morga, escrita pela autora italiana Moony Witcher, a história traz os desafios que a jovem Morga precisará enfrentar para libertar o povo de Emiós da ditadura dos Fhar.

Há quinhentos anos, uma guerra aconteceu no planeta Terra, onde um grupo de cientistas acreditava que os sentimentos desviavam o ser humano das capacidades mágicas, e que através da eternidade poderiam alcançar o poder inimaginável. Devido à guerra que se seguiu nessa busca de poder e a intolerância desse povo, um grupo de cem cientistas fugiu da Terra para iniciar uma nova nação em Emiós.

Através de alterações genéticas, os cientistas titulados Fhar, criaram uma nova raça de seres humanos que não tinham sentimento. Esses seres seriam estéreis e serviriam apenas para a manutenção da vida dos Fhar. Até mesmo na procriação não existia nenhum contato físico. Qualquer criança que nascesse com algum traço de sentimento, era considerado um Imperfeito e era sacrificado.

Morga nasceu do amor de um Fhar e uma Gestal (mulher dedicada a procriação), e era uma Imperfeita, pois tinha todos os sentimentos humanos. A jovem Daki (criança) de 12 anos é a única que pode mostrar ao povo de Emiós a mentira que estão vivendo e libertá-los do poderio dos Fhar. A jovem Morga não é uma garota comum: ela é a Maga do Vento, e esse poder irá ajudá-la na busca pela libertação do povo. Inteligente, corajosa, Morga enfrentará diversos desafios para libertar o povo de Emiós.

“O vento sopra, mudando todas as coisas,

Até mesmo as pedras se transformam em rosas.”

Mesmo com a pouca idade, Morga sempre se mostrou com inteligência, sempre pensando antes de agir e ouvindo os conselhos. No começo da história eu a considerei com uma garota mimada, que não media a força das palavras, mas não foi isso que se mostrou em toda história, o que me deixou muito feliz. Morga tem fortes sentimentos, que chamam a atenção daqueles que há muito não sentiam nada. Acompanhada de seu melhor amigo Wapi (um ser incrível de longas penas), Morga vai trazendo a tona sentimentos desconhecidos por aquele povo. Eles não conheciam a amizade, o amor, a felicidade.

A autora descreve um novo mundo, com estações, animais, plantas, roupas distintas, e todos são bem detalhados. Você não fica perdido entre os nomes e termos, pois no final do livro existe um glossário de termos, magia, ervas e um guia explicando a história de Emiós, suas estações e lugares. Em cada capítulo temos uma ilustração de onde Morga está, o que facilita a nossa imaginação desse novo ambiente.

A autora mantém um nível na escrita que não se assemelha a nada que eu li até hoje. Mesmo sendo um livro para o publico jovem, não deixei de admirar a escrita e o enredo da história, que a autora conduziu com maestria. Em minha ignorância quanto aos livros do público jovem, imaginava encontrar uma escrita fácil. Moony traz uma história fantástica, com uma escrita elaborada e detalhada, que conta sobre a complexidade dos sentimentos humanos.

Você será tocado pela genuidade dos sentimentos de Morga, como quando descobre o amor por um jovem Daki, a raiva e o rancor pelos Fhar que a privaram de ter uma família, a alegria de poder ter amigos.

Acostumada aos livros YA, esperava encontrar uma personagem impulsiva, que só faz besteira, um mocinho espetacular que a salva em todos instantes. Mas me enganei completamente, e os personagens não caíram nessas descrições tão conhecidas. Cada personagem se mostra inseguro com os sentimentos, acreditam que não podiam “sentir” nada. Quando se deparam com a complexidade daquilo que estão sentindo, percebem o quanto estão sendo manipulados.

A editora caprichou na edição do livro, tanto na revisão, diagramação, como nas ilustrações das páginas. Nos agradecimentos da autora, ela diz uma frase que me chamou a atenção, sobre o trabalho de uma editora quanto ao projeto de lançamento de um livro:

“A paixão e o frescor são ingredientes mágicos que encontrarão nesse livro, que nasceu como obra coletiva de mãos, olhos e corações que realmente acreditam no valor da leitura.”

Para quem não conhece, Moony Witcher é o pseudônimo da jornalista italiana Roberta Rizzo, criadora de outras obras como A menina da sexta lua e Geno. Procurando pela internet, encontrei o site da série, onde tem um desenho muito fofo da Morga e Wapi (Clicando na imagem, você será direcionado para o site).

A série conta com mais dois livros:

- Il Deserto di Alfasia
- La fine della profezia