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[Resenha] Mulheres na Luta

em domingo, 7 de abril de 2019

Ciao!



Um livro que conta a história do feminismo em quadrinhos era tudo de que eu precisava – e não sabia.
Se tiverem um pouquinho de paciência em me acompanhar, vou dizer o motivo.

Mulheres na luta: 150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade – Marta Breen e Jenny Jordahl – Seguinte
(Kvinner i kamp 150 år med frihet likhet søsterskap – 2018 – Cappelen Damm AS)

Você sabe o que é feminismo?
Se a sua primeira imagem for negativa, peço que reconsidere e pesquise em locais confiáveis.

Como em tudo na vida, há exageros. Basicamente, feminismo está no subtítulo deste livro: liberdade de escolha, igualdade de condições com os homens e respeito e empatia umas pelas outras.
É reconhecer o lema do Salgueiro: nem melhor, nem pior. Apenas diferente.

O problema é que várias gerações de mulheres não foram criadas com este pensamento. O foco estava em só fazer sentido se parte de um casal. Em ser a alma da casa. Em se desdobrar em mil e uma atividades – quando isso passou a ser permitido.
É problema? Não, desde que seja uma escolha. E para muitas, não era.

Nos próprios romances a gente já viu o comportamento tóxico de muitos protagonistas com as mulheres: tratam as garotas como lixo, enchendo-as de acusações, críticas e julgamentos. Respeito passa longe. E para minha total irritação, aparecerá um “amor I love you” faltando poucas páginas – se não for a última – e eles serão felizes para sempre. E eu termino irritada até a próxima leitura me salvar.

Nos mesmos romances, vimos garotas que foram menosprezadas por serem quem são. Por não atenderem aos padrões ou não se deixarem conformar por eles: algumas são rebeldes, outras são pioneiras, outras são visionárias. E algumas são irritantes mesmo.

E na maioria das vezes, a gente desconhece histórias reais de garotas que também foram assim.
Afinal de contas, o mundo não nasceu junto com cada um de nós. Já girava antes e continuará depois. Muita água – da qual somos um mero pingo – rolou debaixo dessa ponte. Outras mulheres queriam mais para si e para outras: queriam o direito ao voto, o poder de decisão sobre os próprios corpos, acesso a estudo e universidade, empregos, conciliar carreira e maternidade, ou só ter carreira.

Para que, agora, a gente possa ou não fazer isso – e ouvir críticas dos outros pela nossa escolha (atire a primeira pedra quem nunca passou por um “censo” ou enfrentou uma “piadinha” feita por quem não foi convidado a piar sobre alguma decisão da vida alheia) – outras pessoas reclamaram, protestaram, lutaram e até morreram.
 
Imagem: Literatura de Mulherzinha
E você ouviu falar delas?
Confesso que isso foi o que me chocou no livro Mulheres na Luta: como as mulheres não sabem estas histórias – ou a ouvem distorcidas.
Eu sou uma criatura que lê desarvoradamente desde os 6 anos, formada e com pós-graduação em Jornalismo e que praticamente vivo de informação e conhecia poucas histórias.
Isso me fez ter a exata noção da minha insignificância – até para elaborar argumentos sobre o assunto.

O quanto uma história “oficial” silencia outras.
O quanto uma luta muitas vezes se esquece de outras.
O quanto precisamos levar em consideração antes de fazer qualquer julgamento sobre temas dos quais a gente não sabe nem a ponta do iceberg.

Não podemos deixar estas narrativas se perderem no tempo. Não podemos desperdiçar a chance de aprender com elas e formar opiniões a partir do quanto estas mulheres lutaram por mundo diferente. Até porque estamos precisando melhorar bastante o nosso mundo para que as próximas gerações tenham perspectivas ainda melhores.

Os textos de Marta Breen e as ilustrações de Jenny Jordahl são uma forma de despertar a curiosidade e da gente aprender que ser humano dá trabalho – e que construir relações com base no respeito à diversidade e potencialidade de cada um seria mais que um sonho impossível.

Imagem: Literatura de Mulherzinha


Bacci!!!


Beta




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